quinta-feira, 2 de abril de 2009

Artigos: O fim do Mundo

Caminhamos nós para o fim do mundo?
O ser humano é cada vez mais desrespeitado. A nossa sociedade olha para países do “terceiro mundo” com um olhar de quem quer fazer mudar ali as coisas, porque diz-se que em pleno século XXI não deveriam ser permitidas certas atitudes. É certo, que por exemplo nos países Islâmicos, as mulheres são olhadas como servas numa sociedade em que os homens imperam e fazem valer a sua força, e que noutras zonas do mundo como no nosso país, é impensável uma mulher ser condenada à morte por apedrejamento. Apelidamos de retrógradas e de terem nestes países regimes ditatoriais, que para nós, estão como que parados no tempo. Porém, olhamos mais depressa para os defeitos dos outros do que para os nossos. Esquecemo-nos que não temos legitimidade alguma para colocar imperfeições nos outros.
Assim sendo, temos no mundo uma super-potência (para mal dos nossos pecados) “que tudo controla”. Veja-se: invadiu outro país ilegitimamente sem o aval da ONU, com a finalidade de “depor o regime” que possuía armas de destruição massiva, que nunca apareceram, quando na verdade instalaram-se lá para maltratar as pessoas que deveriam proteger de um ditador, e para tomar controlo da sua grande riqueza: o petróleo. Não fazem esforço sequer de se preocuparem com problemas que a todos dizem respeito, como a questão ambiental. Como sabemos, fizeram questão até de recusar as condições do protocolo de Quioto. O cerne da questão, é que são demasiado egoístas para pensar que são o país que mais destrói o ambiente em que todos vivemos. A poluição é a verdadeira arma de destruição em massa, e quem a detém são os Estados Unidos da América. Qual bomba que rebenta um pouco todos os dias, tão pouco que ninguém, ou quase, lhe dá importância. Vai rebentando aqui e acolá, vai destruindo aqui e acolá, até destruir com tudo. Até o próprio detentor da “arma” sofre com a sua negligência.
Somente nos casos como a catástrofe do sudeste asiático (se é que houve alguma vez alguma) nos põem a pensar do que será de nós. O “cheiro a morte” como proferiu a jornalista Daniela Santiago da RTP, com uma expressão facial que dizia tudo, paira no Sri Lanka mas, também nas nossas cabeças, como reflexo de um choque imenso, que choca ainda mais, de cada vez que se pensa nesta hecatombe. De cada nova imagem que surge, é como não soubesse que tudo isto estava a acontecer, tamanha a admiração, o embate, o arrepio, a confusão mental que nos torce o cérebro, bloqueando o nosso corpo e a nossa atenção. Será este o fim de todos nós?Dizia a sabedoria antiga, que no fim do mundo tudo se haveria de ver. O que nos falta neste momento? Será que o que se vê, e se tem visto na nossa sociedade e no mundo, normal? Pais que matam filhos, filhos que matam pais, crianças que são abusadas, violadas, prostituídas, mal tratadas, sequestradas por vezes pelos próprios familiares, por sacerdotes! Tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos! No que nos transformamos? A espécie humana não funcionava assim. Aquecimento global, temperaturas anormais, grandes inundações, grandes secas, grandes nevões, catástrofes naturais! No que transformamos a natureza? Ela não funcionava assim. A destruição da natureza aliada à destruição dos valores humanos poderá ter consequências devastadoras. E o homem, egocêntrico, continua a pensar que domina o mundo. Julga-se capaz de tudo controlar, quando na verdade nada controla. Somos objectos em mãos monstruosas, de corpo colossal que ninguém vê, mas existe. Tão colossal que é, que faz de uma linha-férrea e de um comboio “um brinquedo” em mãos de um bebé. Talvez a mãe natureza não aguente tantos maus-tratos, pois nem mesmo o homem é capaz de aguentar os maus-tratos que ele próprio provoca. Contraditório, sujo, ignorante, culpado, pequeno, mesquinho, mau! É este o homem que habita o planeta Terra.

Janeiro de 2005

(foto tirada por mim)

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