quinta-feira, 16 de abril de 2009

Artigos: A sociedade actual e as crianças

Hoje em dia, e cada vez mais, é a nossa sociedade que dita as regras, que estabelece os limites, os padrões, as normas sociais. Mas esta situação há-de ser invertida, porque, “…tudo que chega ao limite, vira no seu contrário”. Havemos de construir, através dos erros até agora cometidos, uma sociedade melhor, mais justa e humana, menos normalizada, padronizada e céptica. Talvez não tenhamos ainda chegado ao limite. Talvez isto explique que continuemos a viver numa sociedade como esta. Talvez ainda, não demorará que a situação “vire no seu contrário”, tendo em vista das pequenas mudanças que vão surgindo por todo o mundo.
Infelizmente, a nossa sociedade aceita de bom grado uma sociedade consumista desenfreada, materialista, quer dizer além de aceitar – exige, quase. Tenho muitas vezes, a sensação de estar a viver numa competição. Compram-se carros, casas, fazem-se viagens, mostra-se, ou tenta-se mostrar de todas as formas, que se é “mais que o vizinho que comprou um carro novo, mas eu também comprei, e até foi mais caro”, não quer dizer que seja melhor, mas basta-se dizer que foi mais caro, e estas pessoas, pensam que se sentem felizes. Depois, quando compram as coisas, passado dias, já não lhes dão valor, porque entretanto um outro vizinho comprou também um carro novo. E agora? - Perguntam-se. Sentem-se inferiorizados, rebaixados, porque engrandeceram de tal forma o orgulho, que este lhes impede de ver a razão da constante insatisfação. Então, e para combateram essa inferioridade, dão azo a discussões, invejas, em torno do mesmo assunto: quem tem as coisas melhores. Torna-se um ciclo vicioso. Esta sociedade, que se diz tão evoluída, ainda não se deu conta que, ao ser consumista, só procura na matéria, algo que ela nunca lhe dará. A matéria é o que é, efémera. A sociedade procura nos bens materiais algo mais, e como não o encontra, continua buscando, buscando, sem nunca o encontrar, porque esse “algo mais” a matéria não o tem. Mas, na ânsia de encontrar o que acha que acabará por encontrar, canaliza os seus objectivos nestes termos, pensando que vão conseguir satisfazer as necessidades da alma. Talvez não se tenham dado conta, que a nossa alma precisa de coisas que estão ao alcance de todos, e não apenas ao alcance dos que têm dinheiro.
Por outro lado, procura, a nossa sociedade, transmitir para os filhos esta mentalidade, coisa que não tem sido bem aceite. Muitos dos nossos filhos não querem esta sociedade padronizada e normalizada. Muitos não gostam da escola, e não gostam de obedecer a regras que consideram não ter razões para existir. Parecem não gostar de regras que não entendem, e que por vezes, são pouco humanizadas. Não gostam de medidas standard, gostam de ter cada um deles a sua própria medida. Estas crianças são, o que a nossa sociedade chama de crianças com Deficit de Atenção, e crianças Hiperactivas. Talvez se nos deixássemos conduzir por elas, a nossa sociedade enveredaria para uma maior humanização e justiça, deixando para trás, este modelo de sociedade actual. Só porque elas são diferentes, são assim rotuladas, e desta forma, são administradas com químicos que bloqueiam o seu potencial. “Deixai que venham a mim as criancinhas…” (S. Marcos, cap.X, vv.14) – proferiu o Divino Mestre! O que elas têm que nós, adultos, não temos? Acima de tudo: pureza de sentimento! Porque será que tantas se sentem desajustadas? E porque nós não entendemos a razão do desajuste? Porque nós não entendemos a razão de determinados comportamentos, e muitas vezes, nem sabemos como lidar com várias situações? Não deleguem a culpa nos outros!...
Era bom que todos caminhassem para uma visão mais ampla do mundo, do porquê das coisas. Nessa altura, com certeza, que estas crianças seriam olhadas de uma forma bem diferente. Crianças Índigo, são diferentes, não convencionais. Porque não tentar compreender? Porque não descobrir o que vai na alma de uma criança assim? Se todos tentarmos fazer isto, poderemos ter uma grande surpresa. Talvez possamos verificar que eles apenas têm uma visão diferente da nossa, não quer dizer que esteja errada, ou que não tenha lógica. Para quê continuar a fechar os olhos para a realidade? Para quê continuar a tratar este tema com explicações tão simplistas? Só porque são de fácil entendimento? Admitir que não se conhece, ou que não se sabe, ou que se erra, não é ser-se inferior, é caminhar para a evolução – nossa verdadeira missão.
Talvez não seja o fim do mundo, quem sabe será um admirável mundo novo!...







2006

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