quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O 8º Elemento - Movimentos da alma (duetos)


(imagem retirada da internet; autor desc.)


- Enfrenta essa nova experiência com altivez, digo respeito pelo acto nobre que a morte nos proporciona, onde recomeça um novo movimento da alma, onde há encontros num plano que desconheces. Lembrar-te de um mundo que aguarda que os donos do templo se ergam, é quase segredar-te ao ouvido cores diversas, sons trazidos pela única sinfonia que me faz dançar de olhos fechados.


- E agora ouvir isto… logo hoje onde essa altivez se escondeu por detrás da dor, por detrás do calvário de ver um corpo a desfazer-se, e uma alma que nele agonia… eu sei! Eu sei… Eu sei que começará um novo movimento desse Eu, no entanto, hoje apetece-me chorar! Como se tudo isto se conjugasse com aqueles dias que, dizem, temos que nos enfraquecer, para depois ganhar um novo fôlego. Hoje só consigo olhar para a dor dos que lhe assistem, nas horas que passam e se colocam cada vez mais nas profundezas. Mergulhados na tristeza, o que se observa é o seu prolongamento. Quisera eu ter coragem para lhes relembrar do lado de lá, olhando-os nos olhos, quando estes apenas imploram uma nova oportunidade que, no fundo, sabem que poderão não ter. Hoje não, talvez amanhã…


- Esse “talvez” chegou-me aqui, mas não ficou muito tempo, porque sei que os teus tempos de dúvidas já se vão desanuviando. No entanto, foi um momento que fraquejou aos meus olhos. Os meus sentidos, abalaram mar adentro, despertando-me para uma nova onda migratória de objectos que se perpetuam além dos meus olhos. Só eles farão um trajecto similar às frequências de um sentir quebrado e gerado nos longínquos espaços, onde tento encontrar algo que me diga que o AMOR é a base de todos os encontros - cá e lá…


- Sim o AMOR. Ainda ontem tocavam de leve as mãos de quem ama e permanece no cuidado de quem perece. Aquelas mãos que ajudam sem nada esperar, parecem resignar-se à realidade. O AMOR nesse toque permanecerá para sempre, para além da passagem. O AMOR, apesar da dor, reconhece a importância do bem-estar do outro, como factor principal, tendo como solução essa mesma conformação. Essa abertura poderá talvez, trazer a paz de que necessita, reforçada com a filosofia de vida que por momentos não quis aceitar. Os horizontes alargam-se, o AMOR expande-se pelo universo na eternidade… Em silêncio lhe falo, agora nos olhos, quedando-nos perante a força além que nos domina, e o curso da vida que segue… inexoravelmente.




Epifania/Ainafipe/Clarisse

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2 comentários:

Fê blue bird disse...

"..hoje apetece-me chorar!"
Amiga:
Há momentos em que temos mesmo que chorar. De saudade, de dor, de tristeza, e nada nem ninguém deve impedir esse momento.
"...AMOR é a base de todos os encontros - cá e lá…"
Acredito também profundamente nisso. O AMOR, a amizade, a entrega, consegue sempre enxugar as nossas lágrimas.

Lindo texto, LINDO!

Beijinhos comovidos

Clarisse Silva disse...

Olá Fê,

Foi também muito comovida que este texto foi escrito.

Obrigada pelo seu comentário... Obrigada.
Beijo,
Clarisse